Jovem, dinâmico e com olhar atento ao desenvolvimento econômico e social. Cotado a sucessor de Rafael Greca na prefeitura de uma das principais capitais do Brasil. Formado em Administração, com pós-graduação em Agronegócios e especialização em Cidades Inteligentes pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Casado e pai de três filhos.

Com pouco mais de uma década na vida política, Eduardo Pimentel (38) já é visto como um dos principais nomes do processo de renovação dos quadros públicos no Paraná. Neto do ex-governador Paulo Pimentel, Eduardo demonstrou estar pronto para dar um passo a mais em sua trajetória ao assumir a titularidade da Secretaria de Estado das Cidades, a convite do governador Carlos Massa Ratinho Junior.

Em entrevista exclusiva ao Jornal de Colombo, ele fala um pouco sobre sua trajetória, os desafios frente a uma das pastas mais importantes da gestão estadual e sobre os planos para o futuro na vida política.

Jornal de Colombo: Secretário, o senhor já é visto como o grande novo nome da política local e estadual. Como o senhor avalia essa evolução rápida na carreira, de candidato a deputado a vice-prefeito e secretário de Estado?

Eduardo Pimentel: Eu agradeço muito ao governador Ratinho Junior pelo convite para comandar uma pasta tão importante, mas é importante dizer que eu me preparei para chegar até aqui. Estou indo para sete anos como vice-prefeito de Curitiba, fui secretário de Obras por dois anos, onde fizemos um trabalho muito intenso. Conseguimos retomar todas as obras que pegamos paradas e iniciar um grande pacote de pavimentação urbana em Curitiba. Agora chego na Secretaria de Cidades, antiga secretaria do Desenvolvimento Urbano, que é o maior elo de ligação entre as prefeituras e o Governo do Estado. É uma honra muito grande, e eu seguirei trabalhando com os pés no chão. Estou sempre aprendendo no dia a dia e usando a experiência que já trago, e conto com uma equipe repleta de técnicos e profissionais gabaritados, é uma pasta que funciona “redonda”.

JC: Ser secretário de Obras em Curitiba é quase como ser um secretário de Estado se comparado a outras unidades da federação pelo Brasil. Nossa capital tem uma diversidade grande tanto socioeconômica como estrutural. Foi uma escola perfeita para assumir a pasta estadual, não é mesmo?

EP: Não apenas ter sido secretário na Capital, mas o próprio dia a dia ao lado do prefeito Rafael Greca, que é um dos melhores prefeitos do Brasil. Estou fazendo parte, junto com ele, dessa boa transformação pela qual Curitiba tem passado nos últimos anos. E fizemos obras estruturais importantes, como viadutos e trincheiras, mas também muitas obras importantes para áreas mais carentes, como drenagem e microdrenagem, reperfilamento dos rios para reduzir ocorrências de alagamentos, além de uma ação grande para acabar com a rua de saibro em Curitiba. O objetivo é acabar com o barro e a poeira, colocando asfalto novo e de qualidade para que a população ganhe em qualidade de vida. Foi um trabalho grande e que conferiu uma bagagem importante para trazer para a Secretaria de Cidades.

JC: Essa amplitude se torna macro no Paraná, pelas diferenças socioeconômicas. Na própria Região Metropolitana de Curitiba há contrastes, incluindo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixo do Estado (Doutor Ulysses, com 0,546, segundo o IBGE). Qual é o desafio para impulsionar o desenvolvimento desses municípios tão desiguais.

EP: Trabalhamos com muita integração entre Estado e municípios, e com um cardápio de investimentos muito grande. Pegando o exemplo da RMC, há investimentos mais estratégicos para cidades estruturadas como Curitiba, Araucária, São José dos Pinhais e Colombo, e outros mais focados nos menores municípios. Um exemplo é a construção de Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), Unidades Básicas de Saúde (UBS), qualificação de infraestrutura urbana, dentro outros. Temos um projeto a ser lançado em março que visa acabar com as ruas de terra em municípios de até sete mil habitantes. No Paraná, 154 cidades estão qualificadas a participar. É um programa que melhora a qualidade de vida porque não é apenas o asfalto, mas também a calçada com acessibilidade, a iluminação pública, as galerias pluviais. Então isso leva dignidade e qualidade de vida às pessoas que estão na ponta.

JC: Para viabilizar isso, a sua secretaria conta com uma estrutura muito grande. A própria gestão de uma estrutura tão ampla acaba sendo um desafio?

EP: O essencial é ter uma equipe boa. Eu cumpro um papel de gestor na secretaria, mas não estou sozinho. Temos técnicos qualificados ocupando todas as diretorias fazendo o trabalho do dia a dia acontecer com eficiência. Sob o guarda-chuva da secretaria temos a nova Agência de Serviços Metropolitanos (Amep), que tem por base a antiga Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), mas que agrega as demais regiões metropolitanas de Londrina, Maringá e Cascavel. Temos também o Paraná Cidade, grande braço executor da secretaria, pelo qual levamos investimento a todos os 399 municípios do Estado por meio de intervenções de infraestrutura urbana, construção e revitalização de obras públicas, que vão desde a construção de barracões industriais às praças esportivas e de lazer, e o repasse de veículos, maquinários e equipamentos. A Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) tem sua “vida própria” em ações como a construção de casas, regularização fundiária, condomínio do idoso e outros investimentos na habitação. Por fim, a Secretaria de Cidades também incorporou a Paraná Edificações, que virou diretoria da Pasta e que é uma ferramenta para dar agilidade às grandes obras como, por exemplo, o Hospital Geral de Colombo e a Delegacia Cidadã, que estão em fase de construção.

JC: O Braisl como um todo vive um momento de polarização política e, volta e meia, até mesmo radicalização de discursos. A Secretaria de Cidades atende a todos os municípios do Paraná, que têm gestões das mais diversas linhas político-ideológicas. Como passar por cima das questões partidárias e assegurar o diálogo com todos?

EP: No Governo do Estado a determinação do governador é atender a todos os municípios independentemente do partido que está gestão. Isso porque independentemente de como pensa o prefeito, há paranaenses lá. O governador sempre reforça que é nas cidades que as pessoas moram, e que é importante descentralizar as ações e investimentos para fortalecer as cidades. Tenho uma especialização em Cidades Inteligentes pela FGV, fiz um módulo desse curso em Nantes, na França, que é referência pela inovação urbana, e a minha função aqui é justamente fortalecer as cidades de todas as regiões do Estado indistintamente. Claro que é importante que o município faça sua parte, mantendo documentações e certidões em dia e tendo projetos qualificados para apresentar, para que possamos fazer a transferência de recursos. Também é assim que o Paraná espera ser atendido pelo novo Governo Federal, sem distinção, para que os recursos venham. E nós vamos, sem dúvidas, buscar investimentos federais para o Estado.

JC: O secretário citou algumas ações que beneficiam diretamente a Colombo, incluindo o Hospital Geral. Esta era uma demanda antiga da população do município com uma participação importante do Estado.

EP: E que é fruto dessa paz política e desse trabalho de municipalização dos investimentos que o governador Ratinho Junior defende. O prefeito Helder Lazarotto tem feito um trabalho muito bom e viabilizou essa obra importantíssima para toda a região graças à organização, dedicação, bons projetos, saneamento fiscal e, claro, da boa vontade política. Quem ganha é a população, e não apenas de Colombo, mas também dos municípios do entorno, que terão um resguardo maior no atendimento pelo SUS.

JC: Outra ação de impacto grande para Colombo e a RMC é a questão da nova licitação do transporte público, por parte da Amep. Como está esse projeto?

EP: Há um entendimento entre Justiça, Tribunal de Contas e Ministério Público. Eles sempre ficaram muito em cima do Estado para que se fizesse essa licitação. O Governo fez um grupo de trabalho que se reuniu e definiu que será feita a licitação das ligações metropolitanas do transporte coletivo, e que será dado um prazo de tempo e de adaptação para que cada município licite seu transporte coletivo. Esse prazo é necessário porque isso não estava na função dos municípios, apesar de já ser feito por algumas cidades como Curitiba, São José dos Pinhais e Araucária, por exemplo. Isso precisa ser feito com organização, com uma transição, para que o resultado venha da melhor maneira possível. O que é importante destacar é que a população não ficará um único dia sem transporte durante esse processo. O objetivo é garantir eficiência, tarifas justas e ônibus de qualidade.

JC: Como é a parceria com o município de Colombo?

EP: O prefeito Helder tem sido um parceiro muito importante. Ele é muito ativo e está sempre por aqui. Ontem tive uma conversa com ele, o prefeito “está em cima” constantemente na busca de recursos para os projetos do município, e nossa ideia é fortalecer cada vez mais essa parceria. Tenho um carinho muito grande por Colombo.

JC: Todo esse trabalho que o senhor citou gera, é claro, uma vitrine muito grande para sua imagem. O nome do senhor já é colocado como um dos favoritos a assumir a Prefeitura de Curitiba. Qual o planejamento para os próximos anos.

EP: Eu fico muito feliz por ser lembrado. Me preparei para isso, tenho uma trajetória como vice-prefeito, mas ainda há dois anos de gestões municipais pela frente. Isso significa que há muita obra a ser entregue, recurso a ser transferido, principalmente ao longo de 2023. Sempre sou muito franco ao responder quando me perguntam se vou concorrer à Prefeitura de Curitiba. Tenho muito trabalho a realizar aqui na secretaria, uma missão de fortalecer as cidades e ajudar no desenvolvimento geral do Estado, mas defendo que o que é bom precisa continuar. O legado da gestão municipal precisa ser mantido. Porém, na hora certa isso será discutido sem ansiedade, visando o melhor futuro para Curitiba.

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