Nos últimos meses, nos acostumamos a contabilizar números de infectados. De forma até certo ponto banal, adicionamos diariamente uma porção de novos casos da doença causada pelo novo coronavírus. Em Colombo, mais especificamente, o número de infectados seguia em crescimento, como quase todo o país, mas o fato de ainda não termos tido mortes confirmadas, deixava no ar uma aparente tranquilidade. Neste final de semana, entretanto, foram confirmadas as primeiras mortes de residentes em Colombo causadas pela Covid-19. Foram adicionados três óbitos aos registros do município: todos homens, de 67, 84 e 76 anos. De acordo com a Prefeitura de Colombo, o último caso ainda está sendo confirmado se era mesmo morador do município. Mas eles não eram apenas números. Eram nomes. Eram pessoas com uma vida, com familiares queridos, trabalhos e sonhos ainda a cumprir.

Um desses nomes era de Silvio Falate, de 67 anos, que faleceu no último sábado, 13 de junho. O idoso, participante do Movimento de Irmãos da Paróquia Santa Teresinha de Lisieux, no Guaraituba, era um homem de muita fé e que, apesar da idade, mantinha sua rotina de trabalho. “O pai era um homem trabalhador, muito conhecido aqui em Colombo. Participava da Igreja Santa Teresinha. Todo mundo gostava dele ali. Não tinha o que falar de negativo sobre ele”, afirmou Silvio Roberto Falate, que muito além do nome do pai, recebeu ensinamentos que vai levar daqui em diante. “O que ele deixou para nós é de sermos pessoas honestas e sempre ter fé em Deus. Ele era uma pessoa que ajoelhava na hora que deitava e quando acordava todos os dias para rezar. Nunca deixou de fazer isso. Deixou um legado muito bom”, completou. 

Início dos sintomas e demora no diagnóstico

Há cerca de um mês, Silvio começou a sofrer alguns sintomas incomuns. O idoso ativo passou a sentir fraqueza e havia perdido o paladar. Cientes da possibilidade de ser a doença do novo coronavírus, a família de Silvio o levou inicialmente ao Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul. “Ele passou pelo Caron, ficou uns dez dias indo e voltando e não davam diagnóstico. Ia e voltava e não achavam nada”, contou o filho, destacando que não haviam feito o teste para a Covid-19. “Há quinze dias atrás resolveram de mandar para o Rocio (hospital em Campo Largo) com suspeita (de coronavírus) e chegando lá o médico já deu certeza. Ficou três dias na enfermaria e passou mais dez dias na UTI. O médico disse que foi condenado o pulmão, aí já afetou o fígado, depois o rim. No sábado de manhã deu a parada cardíaca”, explica. De acordo com Silvio, o pai não possuía comorbidades. “Nunca precisou de médico. Não tinha doença nenhuma. Era um homem forte. Nem pressão alta. Tinha 67 anos e batia duas cargas de ração por dia, ele fazia entrega de ração”, conta. 

Familiares infectados

Além de Silvio, outros três membros da família foram infectados com o coronavírus. “Quem também pegou a Covid-19 foi a minha mãe, a minha esposa e minha cunhada”, detalhou o filho. Inês, esposa da vítima, tem 61 anos e está em situação estável, também internada no Hospital do Rocio. “O médico pediu para ela ficar mais uma semana no hospital internada, por causa da oxigenação do sangue, que está fraca. E no fim, a mãe que tinha problemas, graças a Deus está viva. A doença afetou o pulmão dela, talvez dependa de oxigênio em casa”. A esposa e cunhada de Silvio estão em isolamento domiciliar e passam bem.

Novo registro

Nesta segunda-feira, 15, a Secretaria de Estado da Saúde confirmou mais uma morte na cidade de Colombo, que seria o quarto óbito. No boletim da Prefeitura de Colombo, também publicado nesta segunda, estão confirmados apenas os três casos indicados no início do texto. Mais informações devem ser atualizadas pelas autoridades em breve. Segundo o recente boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, Colombo registrou vinte novos casos, totalizando 134 pacientes infectados pelo coronavírus. Destes, 96 estão recuperados, 31 estão em tratamento em isolamento domiciliar e cinco pessoas estão internadas. 

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