Historicamente, Curitiba e Região é um grande polo do skate mundial. E Colombo, por sua vez, já revelou inúmeros talentos na modalidade, que se tornou esporte olímpico. Nomes como Yuri Fachini, Marcelo Gomes Marreco, Richard Bially, Josnei Nascimento, Felipe de Oliveira, entre outros, são colombenses e deram seus primeiros ollies e flips em Colombo, por exemplo. Para evidenciar ainda mais esse potencial e defender os skatistas locais, a Associação dos Skatistas de Colombo tem trabalhado para unir os praticantes e cobrar o poder público. Para falar sobre as ações do grupo, a reportagem do Jornal de Colombo conversou com os integrantes Fábio José da Costa, o Batata, e Anderson de Oliveira, o Channel, ambos bastante conhecidos na cena do skate. A conversa aconteceu no Social Plaza, um espaço público localizado no Guaraituba, e que é um tradicional ponto de encontro dos skatistas na cidade. 

A associação

A Associação dos Skatistas de Colombo surgiu de maneira informal no final de 2012. Praticantes do esporte viam a necessidade de melhorias no Social Plaza e resolveram colocar a mão na massa para mudar a situação. “Nós já estávamos em contato com um amigo nosso que fundou a associação de Balneário Camboriú-SC. E ele disse: ‘para conseguirem conversar com os órgãos municipais e estaduais, só com uma associação’. A partir daí começamos a fomentar. Ela foi oficializada com toda a documentação no dia 19 de dezembro de 2015”, pontuou Batata, que colocou a defesa do Social Plaza como uma das principais bandeiras da entidade. “A ideia da associação é justamente mostrar para as autoridades do município o potencial que o skate tem não apenas como esporte, mas como ferramenta de transformação social. Resgatar a juventude, as crianças, os adolescentes, evitando que eles se envolvam com coisas que não são saudáveis para a sociedade. O skate pode ser um norteador, bem como mostrar que espaços como o Social Plaza possuem um grande potencial para a comunidade para gerar cidadania, além das atividades esportivas que já acontecem todo dia”, afirmou.

O Social Plaza, que fica ao lado da Escola Estadual Genésio Moreschi, passou por grandes transformações com o passar do tempo, sendo constantemente deteriorado pela falta de manutenção e pelo vandalismo. O espaço chegou a ser reformado pelo poder público em duas oportunidades e também pelos próprios frequentadores, mas atualmente já carece de melhorias, não apenas na área que os skatistas utilizam, mas também nos outros equipamentos públicos. “Uma das reformas feitas foi através da Associação, que fez um evento, arrecadou dinheiro com parceria de marcas, e o dinheiro da inscrição foi revertido na reforma. Foi feito obstáculo para prática do skate, arrumado o piso. Pretendemos continuar fazendo esse trabalho, com ou sem a ajuda do município”, destacou Channel.

Reunião com o Professor Alcione

Uma das razões para a criação formal da associação, foi a possibilidade de cobrar os entes públicos. No último dia 24 de fevereiro, por exemplo, Batata e Chanel participaram de uma reunião com o vice-prefeito e secretário de Educação, Professor Alcione. Na ocasião, a dupla levou ao dirigente algumas demandas dos skatistas. “Conseguimos a reunião através do vereador Anderson Prego. Fomos levar as demandas que já existiam na outra gestão: os pombos que acabam produzindo muita sujeira e doenças diversas; o teto, que pelo formato da arquitetura do ginásio, chove dentro; os muitos buracos nas telhas. Como você pode ver agora, estamos numa semana chuvosa e está completamente alagado (nota: a entrevista foi realizada no dia 26 de fevereiro)”, disse Batata.

A entidade também indicou melhorias necessárias em toda a infraestrutura do local, que conta com algumas opções de esporte e lazer para os colombenses. “Sugerimos também a revitalização da quadra de basquete; a instalação de uma quadra de vôlei de areia; a reforma do parquinho, talvez até colocar em outro espaço para que seja mais visível à comunidade; a reforma da academia ao ar livre e cuidarem da fiação de luz, que muitas pessoas acabam furtando. É um espaço muito antigo que não pode ficar abandonado”, ressalta. 

Batata também lembra um outro problema muito comum a espaços públicos que acabam esquecidos: o uso de drogas. “Temos um problema de drogadição, que acontece na sociedade em geral. Essas pessoas que sofrem da dependência química acabam vindo consumir a droga aqui nesse espaço. Como você pode ver, está ocorrendo esse problema agora. Eles não são atletas, skatistas, jogadores de basquete ou mesmo aqui do futebol. Precisava ter um trabalho de resgate social, de esporte para resgatar esses adolescentes, evitando um resultado trágico, e em último caso, até uma reprimenda policial”, afirma. “Foi isso que debatemos com o vice-prefeito Alcione. Fomos muito bem recebidos e entregamos um ofício. Fizemos questão de documentar que iniciamos as solicitações com essa gestão e esperamos que sejamos atendidos em um breve espaço de tempo. A gente entende que a prioridade da nação agora é a saúde, mas as outras secretarias continuam trabalhando e têm a sua verba”, acrescentou.

Planejamento futuro e eleição

No ano de 2020, a Associação, que já tinha viabilizado a realização de etapas da Taça Paraná de Skate, no ano de 2019, não pôde dar seguimento no calendário elaborado até então. No entanto, planos já estão sendo feitos para o futuro pós-pandemia. “Não só para o skate, mas para o esporte em geral foi um ano muito complicado. Não conseguimos e nem planejamos fazer eventos. Temos projetos, obviamente incluindo o Social Plaza, para a realização de campeonatos para poder fomentar o esporte na comunidade. Outro projeto que queremos  iniciar são eventos no Parque Linear do Palmital, onde vai sair uma pista. Também conversamos com o Alcione para futuramente ter uma atividade para crianças aqui no Social Plaza”, disse Channel. 

Além disso, o grupo pretende montar uma nova diretoria ainda em 2021. “A Associação teve sua primeira gestão a partir de 2016, com os membros que formaram a entidade. Esse ano vamos fazer uma nova eleição. Alguns membros devem permanecer, mas estamos à procura de novos membros que queiram estar na luta, que queiram ajudar”, completou.

Talento a granel

Como destacado no início da reportagem, diversos skatistas de renome regional, nacional e até mundial começaram em Colombo. Para a Associação, essas jóias precisam ser lapidadas pelo município. “Nossos atletas são de famílias humildes, carecem às vezes de um par de tênis, de um shape, e até outras questões, como alimentação. Tem muita gente pobre, falando o português bem claro. Nossa associação é para demonstrar para a sociedade colombense que o Social Plaza é magnífico, muito grande e deve ser aproveitado. Que o Social Plaza possa ser um centro de excelência para a prática do esporte e geração da cidadania”, destacou Batata.

Um dos talentos que luta para viver do skate é Otoniel Soares, de 17 anos. O jovem morador do Jardim Paloma já participou de campeonatos nacionais e afirmou que “alimenta diariamente” o sonho. “Só que é f***, a idade vem chegando, vai batendo as responsabilidades. Tem que ajudar a coroa a manter os mantimentos dentro de casa e vai apertando”, conta o atleta, que destaca a atuação da associação para que ele e outros praticantes possam manter o foco na prática do skate. “Temos que ter alguém que seja a voz dos skatistas, que possa pedir as paradas, ver se tá tudo em ordem. No que eu puder eu ajudo, mas eu tô focado em andar de skate. Meu foco é andar de skate e tentar correr atrás para conseguir viver de skate um dia”, disse Otoniel. “Seria um pecado nós – associação, munícipes e Prefeitura de Colombo – fecharmos os olhos para essas potências da cidade. Mais uma vez fica nosso apelo e clamor para que sejamos atendidos naquilo que for possível”, finalizou Batata.

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