O curta documental Deus me Livre foi selecionado para a competição do 19º Big Sky Documentary Film Festival, festival de documentários promovido anualmente em Missoula, nos Estados Unidos, que começa nesta sexta-feira (18/2). Se vencer na sua categoria, o curta se qualifica para concorrer ao Oscar no ano que vem.

Dirigido por Carlos Henrique de Oliveira, jornalista e documentarista paranaense que vive em Curitiba, e pelo espanhol Luis Ansorena Hervés, o filme foi feito majoritariamente por uma equipe curitibana e finalizado por meio de edital, com recursos da Lei Aldir Blanc.

Filmado em junho de 2020, um dos picos da pandemia de covid-19 no Brasil, o curta-metragem acompanha Adenilson e Zeca, dois sepultadores do cemitério de Vila Formosa, em São Paulo, o maior da América Latina e o que mais enterrava vítimas de coronavírus no país.

Nessa situação limite, a dupla irá se apegar a suas respectivas crenças religiosas: Adenilson na Igreja Adventista, e Zeca na Umbanda. Assim, com visões bastante diferentes, os sepultadores refletem sobre os significados da morte, enquanto, apesar de tudo, não parecem perder o humor.

O diretor Carlos Henrique conta que foram três dias filmando no cemitério, e que o medo de ser infectado era inevitável, mesmo respeitando todas as regras sanitárias.

O objetivo, revela, era buscar representar a natureza humana nesse cenário e situação de sofrimento, exatamente buscando aquele que seria o pior lugar para se estar naquele período. Porém, uma das preocupações do diretor era buscar a honestidade em suas imagens. “Filmar a morte é difícil, e mostrar a dor das pessoas sem sensacionalismo é um desafio também”, destaca.

Assim, o documentário foi feito num estilo observacional, sem a presença de entrevistas ou narrações, de maneira que as imagens e personagens pudessem falar por si mesmos, e ainda assim comunicassem a principal mensagem do filme. “Mostrar como a fé é capaz de secar lágrimas, mas é a ciência que as evita de cair”, diz o diretor.

Deus me Livre irá estrear no Big Sky Film Festival na segunda-feira (21/2), junto com três outros curtas, um australiano e dois iranianos, também em competição. O documentário paranaense compete com outros 11 filmes na categoria Curtas, selecionados dentre mais de duas mil inscrições de 24 países. Os filmes premiados pelo festival serão anunciados apenas no dia 24 de fevereiro.

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