Ex-ministro da Previdência, Lupi deixa o cargo sob suspeita de omissão diante de fraudes bilionárias no INSS; ele já havia saído do governo em 2011 por denúncias semelhantes no Ministério do Trabalho.
Carlos Lupi (PDT) pediu demissão nesta sexta-feira (2) do comando do Ministério da Previdência, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O agora ex-ministro volta a deixar o governo envolto em denúncias de corrupção, como ocorreu em 2011, durante sua gestão à frente do Ministério do Trabalho.
SUSPEITAS DE OMISSÃO EM FRAUDES NO INSS
A saída de Lupi acontece em meio a investigações sobre um esquema bilionário de fraudes e descontos ilegais em aposentadorias e pensões pagas pelo INSS. Segundo documentos da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal, o ex-ministro teria sido alertado sobre o problema ainda em 2023, mas ignorou os sinais de irregularidades por mais de um ano.
O esquema pode ter desviado mais de R$ 6 bilhões. A primeira ação efetiva da pasta para conter os desvios só ocorreu em 2024. O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto — indicado por Lupi — foi exonerado na semana passada. Ele é o segundo nome ligado ao ministro que caiu em meio a denúncias: o antecessor Glauco Wamburg também havia sido afastado por uso indevido de recursos públicos.
HISTÓRICO DE ESCÂNDALOS NO GOVERNO

Não é a primeira vez que Carlos Lupi deixa um ministério pressionado por escândalos. Em 2011, no governo Dilma Rousseff, ele pediu demissão do Ministério do Trabalho após denúncias de favorecimento a ONGs que mantinham contratos com a pasta.
Na ocasião, a Comissão de Ética Pública recomendou sua demissão, mas o próprio Lupi antecipou-se e entregou o cargo. Ele também foi alvo de reportagens da Folha de S.Paulo, que revelaram que o político recebeu salários da Câmara dos Deputados entre 2000 e 2006 sem comparecer ao trabalho. O valor embolsado teria chegado a R$ 864 mil no período.
VÍNCULOS PARTIDÁRIOS ACIMA DAS FUNÇÕES PÚBLICAS
Durante o período em que recebia da Câmara sem aparecer, Lupi exercia funções exclusivamente partidárias como vice e, depois, presidente do PDT. O cargo na Câmara era de assessor da liderança da bancada do partido, com o maior salário entre os assessores.
A revelação foi um dos fatores que levou à sua queda em 2011. À época, deputados e funcionários do PDT ouvidos pela imprensa confirmaram que ele não comparecia ao gabinete e se dedicava apenas ao comando da legenda.
LIGAÇÃO COM O PDT E TRAJETÓRIA POLÍTICA
Carlos Lupi comanda o PDT desde 2004, após a morte de Leonel Brizola, de quem era amigo e aliado. Desde então, passou a reaproximar o partido do PT, participando dos governos Lula e Dilma. Em 2018 e 2022, o PDT lançou candidaturas próprias à presidência, mas apoiou Lula no segundo turno das eleições mais recentes.
Formado em administração e com longa carreira política, Lupi também foi deputado federal (1991–1995), secretário de Transportes no Rio de Janeiro e secretário estadual durante o governo Brizola. Tentou, sem sucesso, o Senado em 2002.
Fontes: G1 / Uol